"Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz..."

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Meu aniversário

"A dor que passou deixou cicatriz
Pois aquele amor já tinha raiz
Profunda no coração
Foi tão ruim amar em vão
Agora me deixe ir
Adeus eu vou fugir da ilusão" Alcione, Parabéns pra você

Outra vez completo mais uma translação em "volta do Sol" (parafraseando o astrofísico norte-americano Carl Sagan). São 22 anos de contemplação dessa brilhante luz ofertada pela vida, porém, também de muitas queimaduras. Neste dia 23 de abril, dia de São Jorge, um enorme guerreiro e santo do cristianismo, segundo a lenda uma pessoa corajosa. Na minha visão um homem que lutava sempre contra os venenos dos dragões. São Jorge era considerado um homem justo, enfrentava bravamente seus adversários, usava como instrumento de luta uma espada. Hoje a luta já ficou mais complexa, a espada já é ineficaz e só gera derramamento de sangue. O São Jorge de hoje em dia nada é, se não possuir uma boa linguagem e uma boa comunicação com os outros seres humanos. A espada se transforma em um "agir comunicativo"(Habermas), e a guerra e a luta agora é semântica.

Fico muito feliz com a data de hoje, não por causa dos presentes, que no máximo é minha mãe que mora no Rio de Janeiro quem me dá, minha irmã ou algum romance meu da vida, e menos também por ter completado a vigésima segunda volta ao redor do Sol, fico mais feliz por ter encarado as vielas da vida cheias de armadilhas que nunca são as mesmas. Uma estrada que a cada momento seus caminhos se perdem e novos são criados. Comparar o caminho da vida a de um labirinto é algo que já não é estranho.

A cada translação da terra, esta gira em torno de si 365 vezes, hoje há pessoas que mesmo pra lá de 20 mil rotações e mesmo durante várias décadas de apreciação de lindas primaveras, ainda não perceberam todas as maravilhas desses mistérios ao seu redor. Por um lado fico feliz, mas por outro também decepcionado, desapontado por muitos que não possuem, que perdem e que jogam fora a oportunidade de enxergarem as grandesas do mundo.

Guardo dentro de mim com muito carinho todas as minhas vitórias, humildes vitórias. E nunca deixo de reservar também um espaço em especial para as cicatrizes, estas que chegam para arrancar pedaços, acabam tendo uma finalidade boa: a de me modelar através de mais experiências e também mostrar meu caráter limitado, não perfeito e finito. Pois se ao término de uma ou duas caixas de chocolate, por mais gostoso que seja seu sabor, já acabamos por não mais querer comer, penso na vida. Será que uma vida eterna e com absoluta felicidade causaria muito enjoo?

Levo comigo sempre essa sugestão de Gonzaguinha em ser um "eterno aprendiz", contudo tentando aprender, fui de encontro com esse dilema encontrado na música Jesus Chorou de autoria do Paulo (Mano Brown do Racional Mcs). Uma frase que me colocou na parede e que é cartão de visita e está logo abaixo do titulo do blog. Uma pergunta que ele faz a si mesmo ("O que fazer quando a fortaleza tremeu, e quase tudo ao seu redor, melhor, se corrompeu?"), percebendo que o mundo já está perecendo e ele também junto com o mundo, isso devido ao desaparecimento de bons sentimentos por parte dos homens. A "resposta" de Gonzaguinha não é uma resposta que anula e responde totalmente a pergunta, é sim um fator e condição necessária de resposta. Lógico que a vida é mais complexa e que precisamos também de bem mais suplementos para tentar dar uma resposta eficaz a esta pergunta. Não podemos, certamente, deixar de viver a vida, e isso "sem vergonha de ser feliz". Existe um espaço a ser preenchido, e foi para tampar "esse" buraco que veio a força para iniciar o blog. Foram reflexões sobre "este" vazio que veio a ideia, não reflexões do nada, porque pensar no nada não faz com que o nada exista, pois o nada é a ausência do tudo. Pode-se dizer que a luz também nasce nos lugares mais obscuros, e é nas trevas que ainda existe a esperança e os sentimentos mais humildes, porém eles estão vagando cegamente, perdidos nesse espaço.

Penso sempre que devemos viver a vida, mas e quando a fortaleza tremer, como viver a vida? Aprender a viver a vida para não mais deixar a fortaleza tremer para poder viver a vida. Confesso que até eu já estou me sentindo tonto. Sou um otimista por desejo que usa a inteligência e o conhecimento de forma pessimista-crítica (Gramsci) para poder alimentar cada vez mais o otimismo sentimentalista. Um eterno estagiário da vida.

São 22 anos de caminhada, quase a mesma estrada da nossa Constituição Federal da Republica/88. Uma adolescência perturbadora (perturbava muito as outras pessoas, já fui apelidado de "Pestinha" quando mais novo) e hoje um "adulto", mas ainda perturbador, somente mudou o caráter de perturbação, mas o mesmo "mosquitinho a pousar na sopa" segundo as palavras de uma outra mosca bem conhecida, Seixas.

Nesta viagem já fiz escalas em serviços de garçom, de chapeiro e churrasqueiro. Nesta vida, até bandeiradas e propagandas sem compromissos para políticos por uma mixaria. Já trabalhei em empresas terceirizadas e tive experiência de estágio em uma Procuradoria. Hoje me encontro como estagiário no Ministério da Educação na Esplanada em Brasília, tento quase sempre ir para a academia e sempre que possível sair com meus amigos. Penso que esta caminhada está me dando experiência para aprender a saber viver a vida. Hoje dia 23 de abril é meu aniversário, amanhã estou querendo curtir uma festa fantasia em Goiânia, mas dia 26 tenho que voltar para a rotina: estágio e aulas na faculdade de Direito e treino. O pior é que estou no meio do campo minado, em semana de prova. Sou estilo aquele aluno cobra, que só passa se arrastando. :-)

Então (já está ficando chato falar de mim) procuro sempre viver a vida, mas não penso apenas em viver a vida, pois sei onde esse estilo de viver vai me obrigar a levar a vida. Acreditar que a vida é feliz e somente viver a vida é uma grande loucura e uma das maiores burrices do seres humanos, ainda existem milhões de pessoas passando fome, e sem oportunidade de ao menos conhecer o que é oportunidade. Porém, não acreditar que ela seja bela e feliz, e ainda esquecer de viver a vida, é uma estupidez e loucura mais absurda ainda. Outro dia em uma "pá de ideia" com Sagan ele me disse um conselho: deixe o "Sol" te aquecer mas não esqueça de também aquecer o "Sol", os outros também possuem o direito de senti o calor da vida.

2 comentários:

  1. Felicidades Hugo, que Deus te abençoe muito nessa sua caminhada.

    Você já sabe qual é seu pedido ao assoprar a vela? rssss...

    Aline Nogueira de Andrade

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  2. Infelizmente não teve bolo Aline, mas meu pedido mesmo assim eu fiz: que a chama da vela continue sempre acesa.

    Muito obrigado pela visita e pelas felicidades.
    Volte sempre.

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